13/01/2017

Opinião ● Passengers | Morten Tyldum. 2016




Juntar duas das estrelas mais mediáticas do Cinema actual num filme realizado por um cineasta que teve uma nomeação nos Óscares para Melhor Realizador (com o imenso The Imitation Game), um orçamento de 110 milhões de dólares e um argumento escrito pelo mesmo guionista que escreveu Prometheus para Ridley Scott, era de esperar, pelo menos que o resultado fosse, no mínimo, competente. 


O conceito do filme nada tem de novo, já assistimos (muito recentemente) a histórias semelhantes, basta lembrar Gravity. Ter Chris Pratt e Jennifer Lawrence, dois dos mais atraentes actores de Hollywood, "sozinhos" numa nave espacial devia ser garante, pelo menos, de "sexo" bem filmado ou, para não ir tão longe, de um romance no mínimo interessante e sensual. Mas nada disso acontece e Passengers é (na minha opinião) um dos piores filmes de 2016.





Então, porque é que o filme é mau?

Podemos culpar, sem receios ou pudores os dois actores principais, Chris Pratt e Jennifer Lawrence, cujas interpretações e sobretudo, cujas interações entre os dois são tão ausentes de empatia que até é criminoso. É sobretudo grave porque sabemos que os dois actores têm presença para "dar e vender". Pratt, nos primeiros minutos do filme - em que está sozinho - prova que tem carisma. Já Lawrence, com tantas quedas públicas, tem um curriculum mais que justificado. 

A responsabilidade também é do realizador Morten Tyldum que, aparentemente ficou tão deslumbrado com o orçamento, que se esqueceu dos valores essenciais neste tipo de filme: a criatividade e o valor do entretenimento. E por último, o maior infractor e culpado pelo desastre cataclísmico que é este Passengers é o argumento de Jon Spaihts. O argumento é uma espécie de manta de retalhos constituída por ideias recicladas e clichés inúteis sem piada. Como se isto não fosse, já por si só mau, tudo piora quando percebemos que a história das personagens é igualmente má. Pratt é um mecânico e Lawrence é uma espécie de escritora/jornalista. Não há nenhum senso de consciência nem existe nenhum enquadramento competente de histórias. O passado das personagens principais podia ter dado ao filme muito mais interesse, profundidade e até quem sabe, uma dose equilibrada de mistério e encanto. Mas, o argumentista e o realizador desenvolvem a história destas duas personagens de forma atroz, preguiçosa, genérica e pior, tentam fazer deste filme uma espécie de romance épico actual. 

No fim do filme a conclusão a tirar é obvia, é mau, é feito para chegar a um público que - aparentemente - se contentará apenas em ver (só por ver) os dois actores principais. 

Uma nota final de apreço a Michael Sheen, que interpreta um "robot barman" intitulado Arthur e que é o elemento mais interessante neste filme. 




Resumindo: fiquem-se pelo trailer! 

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