11/09/2013

Opinião | Blue Jasmine | Woody Allen. 2013

Título em Portugal: Blue Jasmine
Data de estreia: 12.09.2013







Jasmine (Cate Blanchett) e Hal (Alec Baldwin) são um casal perfeito. Casas de luxo espalhadas nas mais diversas zonas dos EUA. Requinte, festas, roupas de marcas, jóias, carros, etc. Uma aparente vida perfeita na alta sociedade americana.
Mas, os telhados de vidro cedem. Jasmine começa a duvidar (com razão) da fidelidade de Hal. E para piorar o enredo, Hal - depois de uma denúncia anónima às autoridades (que não é tão anónima assim) - vê os seus negócios serem sujeitos a uma averiguação minuciosa. É que Hal supostamente investe dinheiro dos outros, mas na verdade, roubava-os. O empresário é preso e a mulher fica sozinha e na bancarrota.

A solução que a ex-jet set encontra é a de pedir ajuda à sua irmã - Ginger (Sally Hawkins) - divorciada, com dois filhos. A irmã era casada com Augie (Andrew Dice Clay). O casal era feliz e rico, até ao dia em que,  influenciados por Jasmine, confiam o dinheiro que têm a Hal - para investir.
Em São Francisco, Jasmine vai ter que sobreviver num apartamento de classe média, com duas crianças, sem privacidade, sem dinheiro, e viciada em xanax e álcool. Para piorar a sua vida, a irmã tem um namorado Chili (Bobby Cannavale) - rude, mal educado e desbocado.

Decidida (na verdade, obrigada) a mudar de vida, opta por voltar a estudar. Mas como não tem dinheiro, aceita um trabalho como recepcionista de uma clínica de estomatologia e inscreve-se num curso de Informática.
A adaptação de Jasmine a esta nova vida não é fácil, sobretudo porque está mergulhada em profunda doença psicológica. Ao xanax e bebidas alcoólicas, juntam-se momentos de profunda depressão e alucinação.








Jasmine vai a uma festa e conhece  Dwight (Peter Sarsgaard) - um diplomata com pretensões na política. Também nesta festa Ginger conhece Al (Louis C.K.) - e a atracção física entre os dois é explosiva, forçando Ginger a afastar-se de Chili.
Entre Dwight e Jasmine nasce uma relação, alicerçada em mentiras (criadas por Jasmine, que não admite a sua verdadeira biografia). O pedido de casamento e visão do futuro está à esquina e prestes a tornar-se realidade, mas tudo se desmorona depressa. Ginger descobre que AL é casado e Dwight descobre que Jasmine mentiu. Ginger regressa para Chili e Jasmine volta a ficar só.









Tal como todos, ou quase todos os filmes de Woody Allen, o mix do brejeiro / requintado está presente. A piada mais subtil é misturada à piada mais refinada e pode ser seguida de uma totalmente banal. Nem sempre funciona, mas neste caso brilha. Allen não aparece no filme, nem criou nenhum alter-ego. Filmou com confiança arquétipos cheios de detalhes que enriquecem a história e prendem os espectadores à cena seguinte.

Blue Jasmine brilha pelo argumento e realização, mas brilha muito pela exemplar e irrepreensível interpretação de Cate Blanchet. Este novo filme de Allen é uma história banal e trágica que, à medida que se desenrola, torna-se cada vez mais fascinante. O recurso a flashbacks pode tornar-se frustrante porque por vezes acontecem sem transição, mas são justificados, pois esta história não poderia ser contada de outra forma. 








Só através deste recurso se percebe a história e percurso complexo da incrível Jasmine. Cate Blanchett dota a personagem de uma dualidade de segurança, elegância e glamour com loucura, insegurança, depressão e sem auto-estima.
Jasmine provoca-nos um riso fácil, mas envergonhado. A tragédia que envolve a personagem é tanta que, sempre que uma gargalhada é arrancada ao público, sentimo-nos mal por rir.
Cate é a estrela do filme, mas não brilha sozinha. Ao seu lado, e a funcionarem como personagens secundários, estão Louis CK, Michael Stuhlberg e Max Casella, Alec Baldwin, Andrew Dice Clay e Peter Sarsgaard. Mas neste incrível elenco merecem destaque especial Sally Hawkins e Bobby Cannavale.
Woody Allen, com os seus 78 anos, escreveu e realizou um filme em que as personagens femininas são as estrelas principais, em que a tragédia é disfarçada com humor, e recheado com uma banda sonora de bom gosto.




Nota:



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