25/04/2013

Crítica. Trance (Danny Boyle / 2013)

Título em português: Transe
Estreia em Portugal: 25.04.2013



Trance (ou em, português transe) é uma vertente da música electrónica, cujo nome está relacionado com as batidas repetitivas e melodias progressivas que levam o ouvinte a um estado de transe e de libertação espiritual enquanto as ouve.
Ora, o filme Trance de Boyle, não provoca propriamente a libertação, mas suscita inquietações várias. Se isto é mau? Não, de todo.
Com argumento de John Hodge (o mesmo de Trainspotting), tem no elenco James McAvoy, Rosario Dawson e Vincent Cassel. É um remake de um filme inglês de 2003 realizado por Joe Ahearne.






James McAvoy é Simon, um funcionário/perito de uma leiloeira conceituada, especializada na venda de obras de arte. No início do filme, um roubo. Franck (Vincent Cassel) rouba um Goya em pleno leilão público. Simon tenta salvar a obra e enfrenta a quadrilha de ladrões. Mas, sofre uma forte pancada na cabeça. O leiloeiro perde a consciência, perde o quadro, mas é considerado um herói. 
No entanto a verdade é que Simon e Franck eram parceiros de "crime" e o roubo foi planeado por ambos. O problema é que Simon não se lembra onde escondeu a obra de arte. 
Numa tentativa desesperada de encontrar a verdade, e sobretudo o quadro, Simon recorre à hipnose e à terapeuta  Elizabeth Lamb (Rosario Dawson). Mas também Elizabeth não é uma estranha a Simon, e a sua ligação ao roubo é maior do que se poderia prever. 




O início do filme - caracterizado pelo roubo - tem um ritmo alucinante. Aliás, o ritmo do filme é a maior das suas mais valias e tem como bengala uma incrível banda sonora. Músicas estas que também marcam o ritmo. Todo o visual do filme é fabuloso. Com um humor bem pensado (sem exageros), com flashbacks que servem de "roteiro à história", mas que nem sempre são fáceis de perceber.
Aborda relações, memórias e manipulação. A história muda várias vezes de curso, provoca surpresas, espanto e algumas confirmações. 
As personagens são complexas, peões enigmáticos na história. A personagem de McAvoy - Simon passa de vítima a vilão. Franck e os restantes membros da sua equipa, provocam aos espectadores um misto de simpatia e irritação. E Elizabeth, uma personagem bem construída e interpretada, com a qual nunca sabemos bem como a caracterizar, mas percebemos no "momento um" que tem algo a esconder. De qualquer forma, todas as personagens têm a característica especial de nos fazer mudar o foco e a forma como as vimos.






Danny Boyle oferece-nos um thriller psicológico (muito cerebral). Trance é um filme perturbador, marcado pela rapidez alucinante das cenas, por uma banda sonora incrível  e uma fotografia exímia. O argumento é um tanto ou quanto confuso, mas não faz perder o interesse no filme. Todos somos envoltos numa guerra fronteiriça entre a realidade e a hipnose. As perguntas misturam-se com as respostas, as dúvidas com as certezas. 

Trance é um passeio divertido e nada pretensioso. Com falhas e alguns problemas na relação entre certas personagens, bem como na definição dos seus objectivos. Muito dependente da acção/reacção, mas um quebra-cabeças ao qual não se fica indiferente.





Nota:

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